Em 20 anos caiu para mais da metade o número de palavras empregadas
pelos jovens para comunicar-se e não são poucos os perigos que encerra
esta preocupante realidade. Enquanto na década de 80 o vocabulário de um
adolescente era composto por umas mil palavras, na atualidade mal chega
a 350 e tudo leva a prever que o processo de deterioração continuará se
agravando.
Questões estéticas à parte, o fato
mais perigoso desta situação é a estreita vinculação que existe entre o
vocabulário e o pensamento, porque o homem pensa com palavras e graças a
elas distingue determinadas realidades de outras. Sem palavras
espera-nos um empobrecimento gradual do intelecto e, a partir daí, um
maior estreitamento mental com sua conseqüente restrição da liberdade do
pensamento.
Em parte pela televisão
e pelos computadores, a linguagem está a cada dia mais pobre. Há
crianças de lugares marginais que terão um menor vocabulário porque seu
meio também emprega poucas palavras e não porque não tenham
possibilidades neurológicas ou biológicas. Mas, em geral, um garoto
entre os 4 ou 5 anos de idade,
assiste TV, vê, escuta e incorpora uma grande quantidade de vocábulos,
ao redor de 2.500. Só que nos últimos anos as crianças iniciaram um
processo na alteração de sua linguagem, por várias questões que levam à
desvalorização da mesma, como por exemplo, utilizar certo tipo de
gírias, o uso constante de programas de mensagens de texto ou o chat com
suas imbecis abreviações somadas as abreviações americanizadas que
muitos nem sabem o que significam.
Como em geral, a linguagem num adolescente, ao redor dos 16 ou 17 anos, é
similar à linguagem que ele terá na idade adulta é correto afirmar que
passará o resto da sua vida
usando somente estas 350 palavras se não tentar incorporar mais. O
grande problema é que a incorporação de palavras dificilmente ocorrerá
já que outro bom costume está esquecido, o da leitura
Nós pensamos em palavras, pensamos em linguagem; de forma que a
linguagem está diretamente relacionada ao pensamento. Se possuímos uma
menor quantidade de linguagem, temos também um pensamento bem mais curto
pois a pessoa que não tem um boa bagagem de palavras não conseguirá se
expressar bem, então, também não conseguirá pensar direito.
Não é a toa que a cada ano no período pós vestibular apareçam tantas sandices
a respeito do assunto na Internet. O vestibulando tem problema para
entender as questões apresentadas já que tem grande dificuldade de
compreender o que está sendo pedido e termina por escrever grandes
besteiras.
Em conclusão, a realidade deixa transluzir
nimbos no horizonte das próximas gerações de brasileiros, sobretudo num
presente onde já não abundam jovens com capacidade de articular frases
simples, dotadas de começo, desenvolvimento e fim, além de reter algo do
que leram, entre outros erros que conformam o denominado analfabetismo
funcional, um mal de nosso tempo.
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