Recentemente, o senado brasileiro aprovou uma lei que reserva metade das
vagas em universidades federais para candidatos que fizeram todo o
ensino médio em escolas públicas. Sendo a distribuição dessas
dependentes de critérios econômicos e raciais. Se a lei for aprovada
pelo poder executivo,as direções das universidades deverão acatá-la, sem
sequer direito à argumentação. A educação
brasileira, e em particular a educação pública, historicamente, deixa a
desejar. Há mais de três meses, o país está sendo assolado por greves,
em quase todas as universidades federais, decorrentes de anos de descaso
com a qualidade de ensino e com as condições de trabalho impostas aos
professores.
Embora haja o argumento de que o sistema de cotas é
necessário graças à dívida histórica que o Brasil tem com relação à
política escravocrata que se estendeu até o fim do século XIX, a
democratização da educação superior no Brasil através das cotas não
repara as injustiças cometidas no passado. O sistema de cotas então,
entra em vigor não como uma medida provisória paralela a modificações e
planejamentos para a melhoria da educação, mas sim como ferramenta que
apenas facilita o ingresso em uma universidade sem, no entanto, medir
possíveis consequências.
O fato de um aluno ser proveniente de uma
instituição pública de ensino não significa que ele seja incapaz de
acompanhar o ritmo de ensino de uma faculdade federal. No entanto, o
estado deplorável das escolas públicas de nosso país não pode e nem deve
ser usado como argumento para o ingresso de alguém na universidade.
Inquestionavelmente, um ensino forte gera alunos mais preparados, e é
por isso que as mudanças têm que ser feitas já da base; caso contrário,
os alunos encontrarão dificuldades no ensino fundamental,
consequentemente no ensino médio e, obviamente, no ensino superior.
Biologicamente falando não existem raças entre os seres humanos, etnia e
condição financeira teoricamente não deveriam diferenciar ninguém. Na
prática, contudo, são esses dois fatores que muitas vezes indicam a
forma como pessoas de diferentes esferas sociais têm contato com a
educação de qualidade. As cotas não ajudam nesse sentido, já que é
garantido, em Constituição, o direito à educação pública de qualidade a
todo cidadão brasileiro. O sistema de cotas, diferentemente do que se
argumenta, é apenas mais uma ferramenta de segregação racial e social.
Se o problema é uma dívida histórica, por que não a criação de uma cota
para as mulheres também, que até a década de 1870 no Brasil eram
proibidas de cursar a universidade?
Disfarçar a ineficácia do
sistema de ensino público se utilizando da distorção do pensamento de
inclusão social é manter a hipocrisia de que todos são tratados
igualmente em nosso país. É tentar resolver um problema criando outro. É
uma maquiagem bonita para enganar, quem se deixa ser enganado. A
questão não deve ser o tratamento desigual aos desiguais, mas sim
condições iguais para que os desiguais possam competir de modo mais
leal.
Veja mais em: http://sociedaderacionalista.org/2012/10/30/a-dicotomia-das-cotas-inclusao-ou-exclusao/
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